Eclesiastes 9:5,6,10 mostra um estado de inconsciência após a morte?

Como ex-mortalista da alma resolvi iniciar umas pequenas observações que me fizeram abandonar essa teoria. A crença da mortalidade da alma diz não haver lembranças após a morte (a não existência de um local intermediário) e também descreve uma aniquilação final, ao invés dos impios pagarem pelos séculos dos séculos eles iram ser aniquilados depois de um certo período pagando pelos seus atos. Irei abordar partes por partes em postagens separadas, começarei por uma das passagens favoritas dos aniquilacionistas (Eclesiastes 9:5,6,10)

Antes de ir para o versículo tão citado por alguns grupos religiosos que defendem essa teoria como as testemunhas de jeová ou os adventistas do sétimo dia, é necessário se entender o sentido central do livro de Eclesiastes e para qual finalidade ele foi escrito.

Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Eclesiastes 1:1

Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Eclesiastes 1:3

Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.
Eclesiastes 2:3

O objetivo central do livro de Eclesiastes é para falar sobre o que acontece "debaixo do sol ou debaixo do céu" que significa nosso plano terrestre. Salomão por ser um homem mui sábio e famoso, pessoas de todas as nações iam ouvi-lo (Mateus 12:42), e é exatamente por tantas pessoas irem ouvir ele (Salomão) que o livro tem como finalidade apresentar sobre a futilidade/vaidade da vida sem Deus, como as coisas acontecem em nosso plano terrestre e quão sem importância as coisas acabam se tornando sem Deus como objetivo central, e nos capítulos finais Salomão resume o que ele tirou disso tudo. Analisemos o texto agora tão citado pelos aniquilacionistas.

Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.
Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.
Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.
Eclesiastes 9:5-6,10

O versículo e o contexto explica a si mesmo, Salomão diz que as lembranças, amor, inveja entram em esquecimento em relação a nosso plano terrestre (Terra), não em relação ao plano espiritual, e ele continua no verso 10 explicando que tudo quanto vier a fazer é para fazer conforme a nossas mãos porque na sepultura não há projeto, nem conhecimento. Salomão em todo o contexto trata sobre acontecimentos terrestres não necessariamente acontecimentos espirituais, portando essa ideia de usar esses versículos de Eclesiastes para definir um estado espiritual é totalmente errado. A coisa não para por aqui, os defensores do sono da alma ao usarem esse versículo ignorando todo focus central do livro e o contexto, ainda colocam a bíblica em contradição e não levam em conta outros versículos do livro porque sabem que comprometeriam a sua doutrina, vejamos.

Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos.
Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade.
Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!
Eclesiastes 2:14-16

Imagina agora como as coisas ficariam se interpretamos esses versículos de acordo com perspectiva espiritual e não terrestre como os defensores da teoria do sono da alma fazem, então teríamos que dizer que o mesmo destino de um homem sábio também será o do tolo, teríamos que dizer que a mesma coisa que acontece a um tolo aconteceu a Salomão que era considerado o homem mais sábio de sua época, teremos que dizer também que no plano de vida espiritual o tolo vai ter mais lembranças do que o sábio, certamente os defensores de tal teoria não interpretam esses versículos que partem de um mesmo contexto e perspectiva dessa maneira, pois isso iria contradizer todo o ensinamento oferecido no Novo Testamento. O próprio Salomão logo em seguida explica que esse tipo de injustiça se refere a uma vida no plano de vida terrestre não espiritual (Eclesiastes 2:17).

E, ainda que vivesse duas vezes mil anos e não gozasse o bem, não vão todos para um mesmo lugar?
Eclesiastes 6:6

Imagina se olharmos esse versículo também com uma perspectiva espiritual e não terrestre? 

Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
Eclesiastes 9:2

E aqui chegamos a uma questão bem interessante, um dos versículos que ficam dentro do contexto tão usados para defender a inconsciência após a morte diz que a mesma coisa acontece ao justo e ao ímpio. Bom, se tomarmos esse versículo para uma óptica de vida  espiritual e não terrestre temos alguns problemas.

 Ate mesmo os que defendem a doutrina chamada sono da alma concordam que o justo e o ímpio terão fins diferentes, porque a própria Bíblia mostra a distinção clara de um ímpio para um justo.

Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio, o que serve a Deus, e o que não serve.
Malaquias 3:18

E o próprio Salomão escreve a respeito e diz;

O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, tanto um como o outro são abomináveis ao Senhor.
Provérbios 17:15

Então se levarmos em conta que o versículo está no mesmo contexto de (Eclesiastes 9:5,6,10) devemos interpretar também do mesmo ponto que os defensores do sono da alma faz, mas isso iria contradizer as palavras do próprio Salomão que diz que o justo e o ímpio não podem ter a mesma sentença (Provérbios 17:15). Então como entender o que Salomão diz que o justo e o ímpio terão a mesma sentença em (Eclesiastes 9:2)? Simples, Salomão está se referindo ao plano de vida terrestre, ou seja, o que acontece a uma pessoa justa ira acontecer a uma pessoa ímpia em relação a óptica terrestre não espiritual, caso fossemos interpretar da maneira errada que os defensores do sono da alma faz iriamos ta contradizendo todo o ensino da Bíblia sobre distinção e o destino final entre o justo e o ímpio. E não acabou ainda, essa explicação contem outra falha no contexto se interpretarmos com uma óptica espiritual e não terrestre, vejamos.

Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem; para eles não haverá mais recompensa, e já não se tem lembrança deles.
Eclesiastes 9:5

Se olharmos para esse versículo na interpretação dos defensores do sono da alma também teremos problemas ao ler o Novo Testamento, pois em diversas passagens nos é dito que teremos recompensa (galardão) no entanto aqui diz "não haverá mais recompensa". Mas quando interpretamos da óptica terrestre que é a correta fica fácil em saber porque Salomão disse isso, quando morremos realmente não temos mais recompensa (nesse mundo), só que no mundo espiritual teremos.


Publicado por: Matheus Santos



Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.
Atos 17:11

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
João 17:17